O PFOS (Ácido Perfluorooctano Sulfônico) faz parte do grupo das substâncias perfluoralquilsulfonadas (PFAAs). É um composto altamente persistente e responsável por diversos efeitos adversos na biota e nos seres humanos: desde problemas hormonais e hepáticos até câncer. A maior parte dos trabalhos realizados no mundo sobre PFOS esta relacionado ao seu uso na indústria. No entanto, o PFOS também é um produto base da produção de um praguicida amplamente utilizado no Brasil e um dos seus produtos de degradação: a Sulfluramida, que é utilizada pra combater formigas de corte.



Devido as suas propriedades físico-químicas e sua alta toxicidade o PFOS faz parte do grupo dos Poluentes Orgânicos Persistentes e sua produção e uso é regulado pela Convenção de Estocolmo. Os países signatários da Convenção de Estocolmo são responsáveis, não somente, pela restrição do uso desse composto, mas também pelo monitoramento ambiental a fim de identificar se as medidas restritivas estão sendo efetivas. O Brasil faz parte da Convenção de Estocolmo e hoje possui uma autorização para continuar usando o PFOS para a manufatura da Sulfluramida, visto que até o momento não foram encontrados substitutos adequados para esse praguicida.


O Brasil não só é um grande usuário da Sulfluramida como também é um importante produtor e exportador. No entanto, são raros os estudos que citam a sua ligação aos PFOS e/ou estudos de ocorrência de PFOS em amostras ambientais do Brasil. Alguns estudos (http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/es300578x e http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/es503490z) já mostraram que esse composto esta amplamente distribuído no nosso mar (desde o Rio Grande do Sul até a Amazônia). Dessa forma, nosso maior objetivo é responder a pergunta:


Seria a Sulfluramida uma fonte significante de PFOS para a costa brasileira?


Ajude-nos a responder essa pergunta e com os dados gerados dar subisídios para que os órgãos ambientais possam proibir o uso, a produção e a venda da Sulfluramida no Brasil.



Começamos nosso projeto avaliando a ocorrência de PFOS e outros produtos de degradação da Sulfluramida em águas superficiais da Baía de Todos os Santos. Afinal de contas, a Bahia esta entre os 4 estados que mais comercializam a Sulfluramida e as águas da Baía de Todos os Santos tem conexão direta com o Oceano Atlântico.



Na segunda parte do projeto, vamos analisar amostras de água superficial e sedimento de 5 rios que deságuam na Baía de Todos os Santos para avaliar e quantificar os fluxos de PFOS. Além disso, também analisaremos amostras do extremo Sul da Bahia (Complexo Estuarino de Caravelas e Nova Viçosa), pois nessas regiões encontram-se extensas plantações de eucaliptos que é a cultura onde a Sulfluramida mais é utilizada. Vale lembrar que o Complexo Estuarino de Caravelas e Nova Viçosa fica em frente a Parque Nacional Marinho dos Abrolhos que, além de abrigar exuberantes formações de corais, é também a região de reprodução da baleia Jubarte.


Ajudando a financiar esse projeto você estará viabilizando:



Sou oceanóloga formada pela Universidade Federal de Rio Grande e com doutorado em Oceanografia Química pela Universidade de São Paulo. Há um ano e meio sou professora adjunta do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal da Bahia e venho lutando contra a maré de cortes orçamentários que resultaram nas dificuldades hoje enfrentadas pela ciência no Brasil.


No cenário atual vejo duas opções: ou paro as minhas pesquisas ou acho formas criativas de mantê-las. Optei pela segunda, porque sou brasileira e não desisto nunca! ;)


* se refere a um oceano livre de qualquer composto sintético, um trocadilho com o termo “alimentos orgânicos”